O Ministério da Justiça abriu processos contra as redes varejistas Magazine Luiza, Ricardo Eletro, Casas Bahia e Ponto Frio pela venda abusiva de seguros a seus consumidores.
A rede Insinuante, que atua no Nordeste, foi notificada e deve prestar esclarecimentos sobre a prática.
Segundo Amaury Oliva, diretor do DPDC (Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor), muitas vezes o cliente vai à loja para comprar um eletrodoméstico, celular, ou outro produto, e sai com vários seguros embutidos na compra –de garantia estendida do produto a plano odontológico ou médico e seguro de vida.
Para o DPDC, essa prática tem se tornado cada vez mais comum. No ano passado, houve mais de 25 mil reclamações em relação à venda irregular de seguros. Atualmente, é a maior queixa dos consumidores sobre essas grandes varejistas.
As redes de eletrodomésticos têm feito da venda de seguros um grande negócio. Segundo Oliva, um dos grupos investigados chegou a vender 9 milhões de apólices de seguros no ano passado.
As empresas terão dez dias, contados a partir de hoje, para apresentar sua defesa. Casa sejam comprovadas as irregularidades, as multas podem chegar a R$ 7 milhões para cada loja –o teto estabelecido pelo Código de Defesa do Consumidor.
CASOS
Uma consumidora, ao comprar um jogo de panelas que custava R$ 820 foi avisada pelo vendedor que teria que assinar vários documentos, senão perderia a promoção.
Ao chegar em casa e conferir a nota fiscal, descobriu que havia comprado também um seguro de vida e uma garantia estendida diferenciada. A compra saiu por R$ 1.019.
Em outro caso, uma consumidora foi comprar um eletrodoméstico e acabou pagando, sem saber,por um plano de assistência odontológica para ela e a filha. Ao decidir usar o serviço, já que tinha comprado, foi informada pela empresa que teria que contratar todo o serviço e, portanto, pagar a mais para o tratamento que precisava fazer.
Os valores desses seguros embutidos podem ser altos –em alguns casos, chegam a custar mais da metade do valor da compra. Segundo Oliva, o consumidor muitas vezes não percebe a venda irregular porque a cobrança fica diluída nas parcelas da compra.
INVESTIGAÇÃO
A investigação do Ministério da Justiça começou em 2012, depois de denúncia do Procon de Ubá (MG) contra as Casas Bahia por suposta venda irregular de seguro. Então o DPDC estendeu a investigação para outros grupos.
“É algo muito estranho, um padrão comercial que não parece leal aos consumidores”, afirmou Oliva. Segundo ele, é dever das lojas “informar, esclarecer e orientar o consumidor sobre todos os produtos e serviços ofertados”.
Ele recomenda aos consumidores que prestem atenção na hora da compra e, caso verifiquem que pagaram por algo que não haviam solicitado, voltem à loja para ter o dinheiro devolvido e façam reclamação ao Procon.
Oliva também faz o alerta de que todo produto eletrodoméstico tem obrigatoriamente garantia. Caso o consumidor queira estender o prazo, ou ter outra facilidade, é que cabe contratar mais um seguro garantia.
OUTRO LADO
A Via Varejo, que administra Casas Bahia e Pontofrio, informa que pauta suas ações de acordo com a lei e na excelência do atendimento ao consumidor em todos os seus negócios.
A empresa afirmou responderá ao Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor no prazo determinado.
Magazine Luiza informou que, até o momento, não foi notificada sobre o processo administrativo.
A empresa afirmou que “atua em conformidade com a legislação vigente e reitera o seu compromisso maior de sempre prezar pela transparência e excelência no atendimento, visando à satisfação de seus clientes”.
A Ricardo Eletro informou que não foi notificada sobre o processo e que tem realizado investimentos para atender melhor o consumidor. “Tais medidas já permitiram, inclusive, uma redução bastante significativa no número de reclamações de clientes”, informou, por meio de sua assessoria de imprensa.
A Insinuante informou que irá “responder prontamente” às indagações do DPDC. A empresa afirmou que tem realizado investimentos para atender melhor seus consumidores e que repudia práticas comerciais abusivas na venda de produtos com serviços adicionais embutidos.
Fonte: Folha.com