Que as contas de luz vão ficar mais caras, ninguém duvidava, depois da tentativa desastrada de reduzi-las na marra, em ação voluntariosa do governo federal. O mercado se desorganizou e, nesses momentos, a conta adicional costuma ser enviada para o consumidor.
Agora, a Aneel, agência reguladora da área, confirmou que as bandeirinhas tarifárias de energia entrarão em vigor em 2015. Elas sinalizarão, no boleto, se o custo da eletricidade estiver mais caro ou mais barato. A segunda hipótese, desculpem-me, pertence ao reino da fantasia.
O que fazer, então? Em primeiro lugar, um levantamento criterioso dos gastos com energia em casa. Antigamente, os pais costumavam nos alertar, quando deixávamos luzes acesas em cômodos vazios, que não eram sócios da companhia elétrica.
Eles tinham razão, em parte. Somos associados, sim, mas exclusivamente do prejuízo, nunca do lucro. Então, vale retomar algumas práticas da época da época do racionamento de energia (2001 a 2002): uma delas, trocar as lâmpadas comuns, de filamento, por fluorescentes, que duram mais e gastam menos.
Hoje em dia, é maior o percentual dos profissionais que trabalham em casa (home Office). Assim, há mais computadores e impressoras multifuncionais nos lares. Não os deixe ligados quando não estiver trabalhando. Desligue os aparelhos elétricos no botão liga/desliga, não somente pelo controle remoto. Aquela luzinha que continua acesa depois que eles foram desligados pelo controle, poderá significar um aumento de consumo de até 25%.
Estamos no final de setembro, na primavera, estação que alterna dias muito quentes a outros mais amenos. Daqui para frente, até março, abril, ventiladores e ar-condicionado serão mais utilizados. Use o bom senso. Ventile ou refrigere o ambiente somente nas horas de calor intenso, sem exageros.
Atenção, também, ao recarregamento da bateria dos dispositivos móveis, como smartphones. Faça isso durante o dia e retire-os da tomada quando completarem a carga. Não os deixe toda a noite nos carregadores, porque consumirão energia mesmo depois de totalmente recarregados.
Abrir e fechar, constantemente, as portas da geladeira e do freezer também são hábitos que salgam a conta de luz. Esse vaivém obriga os aparelhos a utilizar mais energia para manter alimentos e bebidas resfriados, ao receberem mais ar quente do ambiente.
Máquinas de lavar só devem ser utilizadas quando a quantidade de roupas o justificar. Isso também vale para lava-louças. Passar uma ou duas camisas também impacta o bolso do consumidor. O ideal é passar várias peças de roupa de uma só vez.
Quem tiver planejado a troca de aparelhos eletroeletrônicos, deve comparar, além de preço, design e outros atributos, o nível de consumo de energia. Quanto menor, melhor.
Essas questões não são somente importantes porque teremos bandeirinhas tarifárias e outros fatores que aumentarão os valores dos boletos. Energia elétrica, normalmente, é gerada com dispêndio de recursos naturais, como água (hidrelétrica), que são mal distribuídos geograficamente e têm custo ambiental.
Para piorar, estamos enfrentando uma das piores secas que já se abateram sobre várias regiões do país. Quando a água escasseia, são acionadas as termelétricas, mais caras e poluidoras.
Países em que o clima é frio e há menos insolação, recorrem mais do que o Brasil à energia solar. A saída permanente dessa crise seria, além do combate ao desperdício, o uso de fontes alternativas, como a do sol e a do vento (eólica). Ainda estamos engatinhando também nesse aspecto.
O governo federal deveria estender ao consumidor o direito de escolher onde comprar energia – como as empresas já fazem – para aumentar a concorrência nesta área. Isso atrairia investimentos e novas formas de prestação de serviços, com possibilidade de redução de preços.
Por enquanto, a única forma de não gastar muito mais todos os meses, contudo, é racionalizar o uso de todos os equipamentos movidos a eletricidade, e economizar com inteligência, para não ter de abrir mão dos confortos da vida moderna.
Fonte: Folha Online