As empresas têm até esta sexta-feira (18) para pagar aos funcionários a segunda parcela do 13º salário. Para pagamentos em dinheiro, o limite é o dia 20 (domingo). Antes de gastar o recurso extra, o consumidor deve se livrar das dívidas caras e, se sobrar algum dinheiro, guardar.
Caso tenha uma reserva de emergência — fundamental para enfrentar as dificuldades econômicas do próximo ano—, é recomendado aplicar parte do dinheiro extra.
A Folha lista abaixo cinco dicas de como usar melhor o 13º salário e mais cinco orientações de como investir o dinheiro. Confira!
1. Dívidas caras
Se você tem mais de uma dívida e o 13º salário não consegue cobrir tudo, dê preferência àquelas que cobram juros maiores, como as do rotativo do cartão de crédito (quando o cliente não paga a fatura inteira) e do cheque especial. Uma dívida de R$ 10.000 no rotativo do cartão pode superar R$ 50 mil em 12 meses.
Se sobrar dinheiro, pague as outras dívidas. Nos empréstimos com juros menores, como o imobiliário, pode não valer a pena, já que as taxas costumam ser inferiores aos 14,25% da taxa básica Selic. Aqui a dica é comparar a taxa de juros que consegue ao aplicar o dinheiro que pretende usar à taxa que paga no financiamento.
2. Renegociar dívidas
Se o valor do 13º salário for insuficiente para quitar a dívida integralmente, o trabalhador pode tentar abater o máximo possível do valor —e ainda tentar renegociar o restante com o banco. O recurso extra serve como entrada para a renegociação.
Mas cuidado para não trocar juros menores, de empréstimos antigos, por outros maiores —os bancos têm elevado as taxas para acompanhar a alta da Selic e também para compensar o aumento do risco de inadimplência provocado pela perda de poder aquisitivo da população e pelo aumento do desemprego.
3. Despesas de início de ano
Quem conseguiu manter as finanças em dia durante o ano deve reservar parte do 13º para as despesas que deverão ser pagas no início de 2016. Impostos como o IPVA (veículos) e o IPTU (predial) têm descontos para quem paga à vista.
O IPVA, por exemplo, dá abatimento de 3% para o motorista que quitar o imposto em janeiro, pouco menos da metade do ganho anual da poupança. Quem tem filhos deve se preparar ainda para gastos com matrícula e material escolar.
4. Reserva de emergência
O cenário econômico projetado para 2016 promete piora nas condições do mercado de trabalho e inflação persistente, corroendo a renda do trabalhador. E quem não tiver dinheiro para lidar com imprevistos, como a perda do emprego ou uma emergência familiar, poderá ter de encarar uma bola de neve crescente de dívidas.
A recomendação dos especialistas é reforçar as reservas. Quem hoje guarda 5% do salário, por exemplo, pode tentar elevar para 10%. Planeje-se para ter entre três e seis meses de salário poupados para eventuais imprevistos. A renda deve ser suficiente para sustentar a pessoa até que ela encontre um novo trabalho e se restabeleça financeiramente.
5. Consumo
O trabalhador que já possui uma reserva de emergência para arcar com as despesas de início de ano e com eventuais imprevistos que possam comprometer suas finanças pode dedicar o 13º para se presentear neste Natal ou para reforçar o orçamento para as férias.
Só não vale gastar além do 13º salário. É preciso também evitar parcelamentos no cartão de crédito, uma das principais portas de entrada para o endividamento.
Onde investir
Com o caixa reforçado, é possível pensar em fazer um investimento. Se a ideia for formar uma reserva de emergência, é preciso deixar o dinheiro em aplicações que permitam o resgate a qualquer momento, como poupança, CDB e Tesouro Direto. Mas é preciso tomar alguns cuidados.
1. Evite a poupança
A caderneta perde para a inflação no ano. Enquanto a poupança rende 7,29% no acumulado até novembro, o IPCA (índice oficial de inflação) é de 9,62% no período. Para o próximo ano, o boletim Focus, pesquisa com economistas realizada pelo Banco Central e publicada semanalmente, já vê inflação em 6,80%.
A poupança rende 6,17% ao ano mais TR (Taxa Referencial). A perspectiva é que a caderneta tenha novo ano de perda real —rendimento inferior à inflação. Na própria renda fixa há opções conservadoras e que dão ao investidor retorno maior. É preciso garimpar.
2. CDBs
Os Certificados de Depósitos Bancários rendem, em sua maioria, um percentual do CDI (taxa de empréstimos entre instituições financeiras e que costuma acompanhar a Selic). Com o juro básico em 14,25% ao ano, o retorno líquido —após desconto de Imposto de Renda— desses títulos fica ainda mais atrativo que o da poupança.
O investidor precisa negociar a taxa de remuneração com a instituição financeira. Prazos mais alongados e aplicações iniciais maiores são boas armas para quem quer obter uma taxa mais competitiva. Para atrair aplicadores, bancos menores costumam oferecer rentabilidades mais agressivas do que os bancos de varejo.
Como os CDBs são cobertos pelo FGC (Fundo Garantidor de Créditos) até R$ 250 mil por aplicador em instituição financeira, o risco de comprar um papel de um banco menor é em parte diluído. Vale lembrar que há incidência de IR que segue tabela regressiva com alíquotas que começam em 22,5% —para resgates até 180 dias— e caem gradativamente até 15% —para saques após 720 dias. No entanto, uma medida provisória pode alterar a tributação do produto. É preciso ficar atento.
3. LCI e LCA
Assim como CDBs, as LCI e LCA (Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio) são opções interessantes para o investidor e rendem um percentual do CDI. A maior parte delas remunera um percentual do CDI. A única ressalva no momento é que correm risco de ser tributadas pelo governo —atualmente, são isentas de IR.
O ministro Joaquim Levy afirmou na semana passada que o governo quer alterar ainda em 2015 a tributação de alguns investimentos, em uma referência ao projeto em estudo desde o começo do ano para acabar com a isenção para LCI e LCA.
A proposta consta da medida provisória 694. Isso acabaria com um grande atrativo das LCI e LCA. Esses produtos também são cobertos pelo FGC, que garante até R$ 250 mil aplicados por pessoa em uma mesma instituição financeira ou conglomerado -caso de bancos grandes que adquiriram entidades menores.
4. Títulos públicos
A elevação da taxa básica de juros do país deve beneficiar a rentabilidade desses títulos, em especial do Tesouro Selic, papel pós-fixado e que acompanha a variação da Selic. De acordo com o mais recente boletim Focus, economistas ampliaram para 14,63% o centro (mediana) das previsões para a meta da taxa de juros Selic no fechamento de 2016.
Há incidência de IR conforme tabela regressiva com alíquotas que começam em 22,5% —para resgates até 180 dias— e caem gradativamente até 15% —para saques após 720 dias.
O momento pede cautela com papéis prefixados por causa da marcação a mercado, mecanismo de ajuste de preço em que o valor do título é atualizado pela diferença entre a taxa de juro atual e a acertada quando a dívida foi emitida.
5. Bolsa
O mercado acionário brasileiro deve ter novo ano de incertezas. O pequeno investidor que desejar aplicar na Bolsa precisa manter o sangue frio diante da volatilidade do Ibovespa, principal índice da BM&FBovespa. Algumas ações podem ter bom desempenho, mas será necessário garimpar boas oportunidades.
Se o foco for o longo prazo, sinal verde para aplicar em Bolsa. Mas se o investidor precisar do dinheiro antes de cinco anos, por exemplo, deve priorizar ativos mais conservadores na renda fixa.
Fonte: Folha Online