Endividado deve pagar parcelas atrasadas

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Assim que recebeu a antecipação da primeira parcela do 13º salário, a empregada doméstica Márcia Cristina Nunes da Costa, 42, não teve dúvidas: usou o dinheiro para pagar dívidas em atraso. Desde 2009, ela estava com o nome no cadastro de inadimplentes, com débitos que somavam R$ 4.600.

Mas só em novembro decidiu regularizar a situação, depois de perceber que, com o nome sujo, não conseguiria parcelar na loja o videogame que pretendia dar de Natal para o filho. Além de tirar o nome da lista negra, Márcia ainda ficou com algum dinheiro do 13º para Márcia pagar a primeira prestação do console. “Usei o 13º para uma boa causa”, afirma a doméstica.

Para quem está endividado, a recomendação de consultores é priorizar o pagamento das prestações atrasadas ou, se possível, a quitação dos empréstimos. De acordo com especialistas, não compensa deixar o dinheiro do 13º salário aplicado em busca de rendimento.

“Enquanto uma aplicação conservadora, como um fundo DI, pode render de 0,6% a 0,8% ao mês, o juro da dívida é muito mais alto. No caso do rotativo do cartão, chega a 15% ao mês”, diz o educador financeiro Mauro Calil.

Calil também não recomenda aplicações de renda variável (como ações) nesse caso. “Elas são uma incógnita. Nada garante que, em vez de um rendimento alto, o investidor não sofra uma perda, o que pode agravar o endividamento”, diz.

 

EMPRÉSTIMOS

 

O quadro ao lado traz simulações de quanto sairia, ao final de 12 meses, um empréstimo de R$ 10 mil em diversas modalidades, segundo levantamento de taxas de juros da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).

No rotativo do cartão, o valor saltaria para mais de R$ 29 mil. No cheque especial, superaria R$ 24 mil. No crédito pessoal, ficaria acima de R$ 14 mil. E no crédito consignado, descontado diretamente da folha de pagamento e com uma das menores taxas de juros do mercado, superaria os R$ 12 mil.

 

NEGOCIAÇÃO

 

O economista Luiz Rabi, da Serasa Experian, empresa de informações financeiras, propõe que, se o valor do 13º não for suficiente para quitar as dívidas, o inadimplente use o dinheiro como entrada em uma negociação.

“Em uma dívida que tem o banco como credor, por exemplo, como no cheque especial, a instituição costuma não cobrar todo o juro em uma negociação”, diz Rabi. “Ele pode aceitar o 13º como entrada e parcelar o restante em uma linha de crédito pessoal, com juros menores”, acrescenta.

Outra estratégia importante, afirma Rabi, é que o devedor priorize o pagamento das dívidas que cobram as maiores taxas de juros, pois elas fazem com que o valor do débito cresça rápido.”Geralmente, são as do cartão de crédito e do cheque especial.”

“Nos levantamentos da Serasa, vemos que a pessoa que está incluída no cadastro de inadimplentes não tem apenas um credor, mas entre três e quatro credores”, afirma.

Em todos os casos, acrescenta, vale a pena procurar o credor para negociar.

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FONTE: Folha Online