Perder pontos nos programas de fidelidade de cartões de crédito é mais comum do que se pensa. Pesquisa feita com 6.029 consumidores que participam desses planos mostra que 40% perderam pontos sem resgatar, o que resultou em insatisfação com o produto, segundo a CVA Solutions, autora do estudo.
“O problema de acumular pontos nesses programas de fidelidade é que eles expiram”, diz Sandro Cimatti, da CVA Solutions. “Em geral, o consumidor quer usar em passagem aérea, um dos maiores apelos, mas quando busca não há mais bilhete disponível. E aí acaba perdendo.”
Para evitar problemas como esse, o consumidor deve prestar atenção às regras e ao prazo de validade dos pontos antes de escolher um programa de milhas ou cartão de crédito com o benefício, diz Otto Nogami, professor do Insper, instituto de ensino.
Avaliar os “preços” em milhas ou pontos dos produtos também é importante na hora da escolha do benefício, afirma o planejador financeiro Janser Rojo.
“O ideal seria, antes de iniciar o acúmulo de pontos, analisar diferentes cartões para saber quanto tempo demoraria para conseguir aquele produto em cada um deles”, diz. “O produto pode ter ‘preços’ diferentes em programas distintos.”
Outra recomendação é verificar se o programa de benefício tem uma espécie de deflator, que reduz, por exemplo, os pontos em caso de transferência para um outro programa – como no caso de passar pontos de um cartão para uma companhia aérea.
Após a adesão ao programa que se enquadrou melhor em seus hábitos, uma boa forma de aproveitar os benefícios é estabelecer objetivos e calcular quanto, em pontos ou milhas, precisaria para atingir a meta.
Em seguida, a dica é tentar acelerar o ganho de pontuação. Concentrar os gastos no cartão de crédito ou nos parceiros do programa de milhas e pontos escolhidos é uma forma de conseguir isso.
“É preciso ter controle emocional dos gastos para não deixar de pagar a fatura integral do cartão e entrar no rotativo”, adverte Nogami.
Outra orientação é restringir o número de programas do qual o usuário participa.
“Se dispersar muito os pontos, o montante que ele consegue acumular não é suficiente para resgatar produtos. Além disso, aumenta a chance de ele esquecer o prazo de validade desses pontos”, afirma Nogami.
PLANEJAMENTO
Quem pretende utilizar pontos ou milhas para resgatar passagens aéreas deve se planejar e agir com antecedência. Em geral, as empresas oferecem poucos assentos nos voos mais concorridos que podem ser comprados com milhagem.
Se a viagem estiver próxima, um recurso é optar por um voo em horário pouco atraente ou com muitas escalas e conexões, geralmente menos procurado.
Caso contrário, pode ser preciso desembolsar mais milhas do que o inicialmente previsto para viajar.
FOCO
Natural de Belém (PA), o médico José Carlos Pardal, 32, aderiu a programas de companhias aéreas em 2006, quando se mudou para São Paulo. “Meu foco é a passagem aérea. Não quero trocar 10 mil pontos por um DVD.”
A necessidade deriva do fato de o médico precisar viajar com muita frequência para Belém, onde mora sua mulher.
Para acumular mais milhas, Pardal se associou ao Clube Smiles, do Smiles, no qual ele paga uma mensalidade de R$ 30 e acumula 1.000 milhas por mês.
Ele também tem um cartão emitido em parceria com uma companhia aérea que transforma os gastos em pontos no programa Multiplus.
Cartões com anuidade mais cara, em geral, têm uma conversão mais vantajosa de gastos em pontos ou milhas, segundo Bruno Nissental, fundador do Oktoplus, aplicativo de gerenciamento de pontos e milhas.
Mas o fundamental é que o programa faça sentido para o participante, ressalta o planejador financeiro Janser Rojo.
“Para quem vai muito a cinema, shows e teatro, é vantajoso aderir a um programa que, além de possibilitar o acúmulo de pontos, dê descontos nessas atividades. Já para uma pessoa que viaja muito, faz sentido ter um programa de benefícios que dá milhas aéreas, porque ela provavelmente vai usar.”
Fonte: Folha Online