Gerenciar um negócio, fazer o briefing do produto, adaptá-lo para o público-alvo, competir no mercado e conseguir investimento. Tudo isso faz parte da rotina de empresários e também de alunos do 6º ano do ensino fundamental ao 1º ano do ensino médio de três escolas de São Paulo – Dom Bosco (sede Santa Inês), no Horto Florestal, na zona norte da capital; COC, em Atibaia;, e Escola Viverde, em Bragança Paulista, ambas no interior.
Esses três colégios fizeram parte de um projeto-piloto de aulas de empreendedorismo e inovação, com base no Design Thinking – método colaborativo e multidisciplinar que propõe que as necessidades do consumidor sejam entendidas.
As aulas foram planejadas pelo mesmo professor que criou a disciplina de Inovação e Criatividade na Universidade Harvard, uma das principais instituições de ensino superior do mundo. Formado em Medicina e pianista profissional, John Kao tem tanta experiência em inovação que já foi chamado até de “Sr. Criatividade” pelo jornal Financial Times.
Fundador do projeto voltado para crianças, chamado de EdgeMakers, foi ele quem veio ao Brasil dar aulas nas escolas em março. A ideia é que sejam adotadas em larga escala no Brasil a partir de janeiro do ano que vem. Além do Brasil, o projeto também está sendo aplicado em Estados Unidos, China, Índia, Turquia e Colômbia.
Segundo Kao, o currículo foi adaptado para que não tenha a carga teórica pesada das aulas de negócios e use situações adaptadas à rotina dos estudantes, além de lições de criatividade na música. “EdgeMakers tem suas raízes no trabalho que eu fazia em Harvard, mas o que se exige é diferente, porque crianças de 12 anos têm habilidades diferentes de pessoas com 27, que era a média de idade das turmas em que eu dava aula no MBA”, afirma. O currículo tem seis temas principais: criatividade e inovação, Design Thinking, empreendedores e startups, proficiência digital, personalidade e sustentabilidade.
Mochila e duende
Na Escola Dom Bosco, a ideia era que os alunos planejassem a mochila ideal. As ideias não precisavam ter limites – só tinham de ser criativas. Surgiram mochilas com GPS, turbo, professores portáteis e até duendes.
Mas nessa escola ocorreu um fenômeno inédito no projeto: o engajamento dos alunos foi tanto que, a pedido da direção da instituição, ele também foi usado para que os estudantes sugerissem melhorias no colégio, que havia acabado de ser inaugurado.
“O legal foi ver que as nossas sugestões, como a melhoria de sinalização no estacionamento, foram aplicadas”, comenta Gabriela Godoy, de 15 anos, aluna do 1º ano. Para João Paulo Michelon, também de 15, o projeto foi importante para que os estudantes aprendessem a fazer o planejamento. “Agora a gente faz o brainstorm (a coleta geral de ideias) antes de levar o projeto das feiras culturais para os professores”, completa Pedro Henrique Mira, de 16 anos.
Cuidados
Para o especialista em tecnologia na educação Dilerman Piva Jr., é preciso ter cuidado para que o ambiente não fique agressivo demais. “Se por um lado, com jogos e competições, o ensino fica mais atrativo, por outro se estimula a competição, que tem de desenvolver a colaboração.”
Fonte: Yahoo