‘Um líder de mercado deve inovar sempre’

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Aos 34 anos, Victor Proscurchin é presidente da filial brasileira da D-Link, uma das líderes mundiais na área de equipamentos para infraestrutura de redes, monitoramento e soluções em computação em nuvem para consumidores finais e empresas. Nos três anos em que está à frente da empresa, Proscurchin, que é formado em engenharia e pós-graduado em Excelência e Gestão pela Faap, coordenou a criação de um laboratório local de controle de qualidade e de uma nova estratégia de venda e distribuição. O executivo afirma que ainda tem muitos desafios a vencer no comando da empresa e diz que a paixão pela tecnologia está presente em sua vida desde a adolescência, quando comprava revistas sobre o assunto e montava aparelhos eletrônicos. A seguir, trechos da entrevista.

Você é um jovem presidente de uma grande empresa do setor de tecnologia. Você considera que a juventude é uma vantagem nessa área? 
Eu passei por situações em que ser jovem mostra que você tem mais energia e disposição para resolver os problemas, mas ao mesmo tempo, dependendo da pessoa com quem você fala, gera falta de credibilidade. Muitas vezes conversei com executivos, e eles acabam falando: “Puxa que legal, você tem a idade do meu filho, que ainda está na universidade”. Não sei se isso dificultou a minha vida, mas o desafio com certeza foi bem maior.

Quando começou sua relação com a tecnologia? 
Eu fiz colegial técnico em eletrônica, então, desde os 14 anos entrei nesse mundo de tecnologia. Mas antes, eu já comprava revistas de eletrônicos para montar rádios, transmissores, aparelhos eletrônicos. Meu pai era engenheiro eletrônico e me influenciou bastante. Meu primeiro emprego foi na área de comunicações, de roteadores de grande porte. É onde estou até hoje.

Como surgiu a oportunidade de trabalhar na D-Link?
No meu primeiro emprego, eu tinha um chefe que foi trabalhar na D-Link. Depois, recebi uma proposta da Telefônica, quando ela fez aquela grande expansão no Brasil, entre 2001 e 2002. Eu mal tinha começado a carreira na Telefônica quando surgiu a oportunidade de trabalhar como vendedor na D-Link. Depois descobri que foi um chefe lá do meu primeiro emprego quem me recomendou para o cargo. Entrei lá no dia 29 de março de 2002. E sou apaixonado pela empresa até hoje.

Há três anos, quando assumiu a presidência da D-Link no Brasil, você declarou que “manter a liderança em um mercado altamente competitivo, como é o de varejo, e posicionar a D-Link entre as empresas mais reconhecidas na atuação corporativa” era um dos desafios da sua gestão. Hoje, você venceu o desafio?
Eu não venci o desafio, porque o nosso portfólio é muito grande. Em alguns mercados, sou líder de segmento, em outros sou segundo ou terceiro. Eu acho que ser líder de mercado é muito difícil, você tem de ir sempre inovando, é um pouco de empreendedorismo. Quando você é segundo lugar, é mais fácil, você vai vendo o que o primeiro faz e vai copiando. A D-Link está nas duas frentes. Hoje, ela está anos-luz à frente dos concorrentes no mercado de câmeras de rede, lançamos uma tecnologia nova. Hoje, qualquer pessoa, mãe, avô, pai, por mais leiga que seja em tecnologia, consegue instalar uma câmera em casa e monitorar seu filho, seu cachorro, por um aplicativo no celular. Esse foi o principal movimento que a D-Link mundial fez, e acabei liderando essa estratégia no Brasil. Foi bem difícil quebrar paradigmas de mercado. É mais difícil oferecer um produto novo do que falar que tem um igual ao do concorrente.

Atualmente, qual é o grande desafio da D-Link?
Massificar essa nova tecnologia de monitoramento, usando a plataforma de cloud. O brasileiro tem a tendência de só ir atrás do monitoramento depois que sofreu um roubo em casa ou a babá machucou os filhos. Aí, ele lembra que precisa monitorar a casa, que quando estiver viajando, no trabalho, precisa ver o que está ocorrendo. Em vez de remediar, pode prevenir.

Com o aumento da preocupação com espionagem e vazamento de dados, o fortalecimento da segurança das redes se tornou o grande desafio do setor?
Hoje, todos os roteadores da D-Link já saem de fábrica com o firewall habilitado, e com todas as portas de comunicação fechadas, para garantir a segurança do usuário. Quando o usuário precisa abrir alguma fonte do roteador, ele precisa entrar na configuração e abrir a porta, que sai trancada da fábrica. É muito mais fácil eu vender um roteador seguro e já protegido do que ensinar o usuário a se proteger. Nossa criptografia é uma das mais seguras do mercado.

O que você considera mais desafiador: conquistar o mercado ou manter-se no topo?
É muito mais difícil manter-se no topo. Mas o mais difícil de tudo é reconquistar mercado.

Você já lidou com uma situação dessas?
Já lidei com isso, alguns anos atrás. Esse foi um dos motivos pelos quais eu quis ter esse laboratório de qualidade aqui no Brasil. Quando você está no topo, sempre tem que estar se preocupando com as tecnologias e novas estratégias, então é muito mais fácil você ser atacado por vários lados. Quando você sai dessa posição, para retomar, você tem que reconquistar todo o mercado, explicar tudo o que fez de mudança, tudo em que melhorou, para o cliente voltar a comprar seu produto.

Quando você sai de férias, consegue se desligar da tecnologia?
Não desliguei nem na minha lua-de-mel (risos). Minha mulher queria me matar porque na hora em que ela desviava um pouco a atenção de mim, eu corria lá, abria o notebook e via o que que estava acontecendo na empresa.

Que conselho que você dá para o jovem que quer entrar no mercado de trabalho de tecnologia?
Prestar muita atenção em linguagem de programação, porque é capaz de um dia a gente nem mais estar falando em mandarim, a gente estará falando em códigos, digitando códigos, criando softwares por aplicativos. É muito importante a linguagem de programação. Quanto mais inteligência de software a pessoa tiver, mais oportunidades ela vai abrir.

Fonte: Estadão